Quem são os anjos?
Anjo: do grego,
ággelos (???????); do latim,
ângelus,
mensageiro.
Anjos são seres espirituais puros, que não possuem corpo nem nada relativo à
matéria. Além de glorificarem a Deus por meio de sua existência, os anjos têm
missões e funções específicas que lhes foram conferidas pelo Criador conforme o
grau de força e inteligência inerente à natureza de cada um. A Tradição e o
Magistério da Igreja nos ensinam serem nove as categorias existentes na
hierarquia angélica. As teses mais embasadas provêm do Pseudo-Dionísio, o
Areopagita (entre os séculos IV e V) e de São Tomás de Aquino (século XIII). Em
ordem decrescente, são estes os nove coros dos anjos:
1º Serafins, 2º Querubins, 3º Tronos, 4º Dominações, 5º Virtudes, 6º
Potestades, 7° Principados, 8° Arcanjos e 9° Anjos.
Em toda a
Sagrada Escritura encontramos menções a respeito dos
anjos. Logo no capítulo 3 do
Livro do Gênesis lemos que o Senhor, após
expulsar Adão e Eva do paraíso, colocou dois querubins ao Oriente do jardim do
Éden para guardar o caminho da árvore da vida (
Gn 3,24).
Independentemente do coro ao qual pertençam, todos os anjos têm uma função
privilegiada em meio à criação, sendo, como nós, servos do Deus Altíssimo, que
têm seu prazer e glória em glorificar o nome do Senhor por meio do cumprimento
da missão que lhes foi confiada desde o princípio, seja adorando a Deus, seja
auxiliando os homens no caminho da salvação, seja combatendo os demônios.
O que é um demônio?
Um demônio é um ser de natureza angélica condenado eternamente. Essa deformação
deu-se por conta de um afastamento de Deus ocasionado de modo voluntário e
irreversível, como nos ensina a Santa Igreja.
Tal rebelião por parte de alguns anjos é, de fato, irreversível, pois,
diferentemente do que acontece conosco, o pecado cometido pelos anjos é
totalmente isento de paixões, de concupiscência, fazendo assim com que tal
pecado se dê numa decisão elevadíssima do intelecto, que já não está disposto,
ao atingir determinado grau de insistência no pecado, a retroceder à obediência
a Deus.
A queda dos anjos
Assim como ocorre conosco hoje, os anjos foram submetidos também a uma prova
antes que pudessem ter a visão beatífica de Deus, isto é, antes que pudessem
ver a Deus tal como Ele é.
Essa prova ao qual foram submetidos os espíritos angélicos é uma constatação
da misericordiosa justiça do Criador, pois por meio dela Deus permitiu que cada
um dos anjos criados, ainda que em diferentes hierarquias, pudessem determinar
por sua própria decisão e perseverança o grau de glória com que iria contemplar
eternamente o Criador, uma vez que esse tempo de prova teria um fim.
Segundo tese do padre espanhol José Antonio Fortea, renomado exorcista, os
anjos, ao serem criados, viam a Deus como uma luz que reluzia fortemente
acompanhada de uma voz majestosa. Apesar de nessa ocasião eles ainda não
poderem ver a essência de Deus, sabiam que estavam ali diante de seu Criador;
sabiam que lhe deviam escutar e obedecer. Mas isso segundo a escolha e
intensidade de cada um.
Em meio a essa prova, uns foram mais fiéis, perseverantes e intensos na
busca por um elevado agrado a Deus, outros menos, e outros ainda recusaram-se a
lhE adorar e prestar obediência, estando convictos que a submissão a Lei Divina
mais lhes faria vítimas de uma tirania do que lhes daria a liberdade e a glória
que almejavam.
É também quanto a este fato que se refere o texto de Apocalipse
“
7.Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o
Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, 8.mas não prevaleceram. E já
não houve lugar no céu para eles. 9.Foi então precipitado o grande Dragão, a
primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi
precipitado na terra, e com ele os seus anjos” –
Ap 12,7-9.
Essa identificação com o trecho acima se dá por que essa batalha ocorreu
entre os anjos, de forma que aqueles que queriam rebelar-se contra Deus usavam
de seus argumentos para convencer os demais de que a rebelião seria a melhor
escolha. Os anjos que haviam optado pela fidelidade a Deus por sua vez usavam
de seus motivos para convencer os rebeldes de que a obediência a Deus, além de
justa, era o que realmente lhes faria livres e gloriosos de verdade. Segundo o
exorcista espanhol, em meio a essa batalha, houve baixa de todos os lados.
Do que foi apresentado até aqui, podemos verificar que de fato não se trata
da batalha entre os anjos de uma batalha com armas, espadas, correntes nem nada
do que possa ser material e corpóreo. Antes, foi uma batalha certamente
intensa, porém, uma batalha puramente espiritual.
Por isso, apesar da boa intenção de alguns, não é coerente e nem
fundamentado na caridade querer rezar pela conversão do Diabo ou de algum ser
angélico condenado, pois visto que não possuem paixões que os empurram ao
pecado como os seres humanos, sua decisão em afastar-se de Deus é irrevogável
e, apesar de seu sofrimento atual, os demônios quiseram decididamente esse fim.
Vale dizer também que, ao contrário do que pensam alguns, os demônios não
foram atirados por Deus num inferno, nem os anjos foram elevados a outra esfera
celeste. A batalha narrada no Apocalipse, dado o contexto apresentado, teve seu
fim quando Deus, em sua Sabedoria que excede a tudo e a todos, percebeu que
cada anjo, fiel ou infiel iria permanecer imutável na escolha que cada qual tinha
feito durante o período de prova pelo qual passara. Então, Deus mostrou-se tal
como é aos anjos que perseveraram na fidelidade e, por outro lado, ocultou-se
totalmente dos anjos que haviam rebelado-se. E isso fez, a partir de então, com
que cada anjo vivesse o seu céu e cada demônio o seu inferno.
Portanto, terminada a prova, os anjos deformados não podem voltar atrás em
sua decisão, assim como os anjos que permaneceram fiéis a Deus não podem um dia
vir a tornar-se demônios, pois, uma vez que possuem a visão beatífica de Deus,
sua razão e sua vontade não podem desejar outra coisa que não estar na presença
do Criador, adorando-O e contemplando-O por todos os séculos dos séculos.